O policial militar, Marcos Gustavo Soares de Oliveira, 28 anos, morto a tiros e a facadas nesse domingo (26.02), na residência de seus pais, em Várzea Grande, era acusado de participar de um grupo de extermínio.
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Em julho de 2022, o Ministério Público Estadual (MPE) pediu a prisão de vários policiais militares, entre eles, Marcos Gustavo, sob alegação de que eles estavam envolvidos em diversos homicídios, que segundo o MPE, “tratava-se de verdadeiras execuções sumárias perpetradas em atividade típica e similar a grupos de extermínio”.
Entre os anos de 2017 e 2020, foram 24 mortes em supostos confrontos com policiais da Rondas Ostensivas Táticas Metropolitanas (ROTAM), Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE), Força Tática – CR1/Cuiabá. Durante as investigações, os delegados da Delegacia Especializada de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), encontraram indícios de execuções em todos os casos, havendo caso onde o veículo utilizado pelos suspeitos foi alvejado com mais de 100 disparos de arma de fogo de grosso calibre, entretanto, a perícia não detectou sequer um disparo na direção oposta.
Outro ponto em comum, que chamou a atenção dos investigadores, é que sempre havia a figura de um segurança/vigilante, o qual passava informações de locais para assaltos fáceis e lucrativos, todavia no momento do deslocamento, os indivíduos cooptados eram interceptados e mortos por policiais militares, os quais comumente narram no boletim de ocorrência que teriam recebido informações anônimas sobre o suposto assalto, motivo pelo qual planejaram uma abordagem, momento em que teriam entrado em confronto com os criminosos.
No decorrer das investigações verificou que o segurança/vigilante era o informante da polícia. Ele foi preso e confessou que cooptava os indivíduos para a prática dos supostos assaltos, no sentido de que essas situações eram armadas em conjunto com policiais militares, para arrebatar indivíduos com passagens criminais ou não, simulando que seria para praticar um crime, quando, na verdade, eram atraídos para verdadeiras emboscadas, onde foram executados sumariamente, sem chance de reação ou defesa.
O segurança chegou a dizer que no início eram somente prisões e ele ficava com os aparelhos celulares dos indivíduos capturados pelos policiais militares, mas que a finalidade dessa parceria começou a mudar, e os militares passaram a objetivar matar os supostos bandidos, para promover o nome e o Batalhão dos policiais envolvidos.
O policial Marcos Gustavo chegou a ser preso na “Operação Simulacrum”, em abril de 2022, quando foram cumpridos 81 mandados de prisão temporária contra policiais militares investigados por homicídios. Leia matéria relacionada – Militares investigados por homicídios em supostos “confrontos” são alvos de operação em MT
Ainda na manhã desse domingo (26), o coronel Dias disse que Marcos estava lotado no 10º Batalhão da Polícia Militar, em Cuiabá, no entanto, estava em atividade administrativa.
A Polícia Civil investiga a morte do policial.