Além da guerra na Ucrânia, outros conflitos brutais ocorrem atualmente, apesar de não receberem tanta atenção quanto as várias ofensivas russas no território ucraniano. Assim como no Leste Europeu, essas guerras seguem deixando um grande rastro de mortes e destruição.
Etiópia
Em novembro de 2020, a Etiópia começou a enfrentar um conflito de grandes proporções quando forças da TPLF (Frente de Libertação do Povo Tigray) atacaram uma base do exército federal do Tigré, o que resultou em uma ofensiva militar ordenada pelo primeiro-ministro Abiy Ahmed contra os rebeldes.
Em novembro de 2021, o governo local decretou estado de emergência depois que a TPLF começou a se deslocar em direção à capital. De acordo com a ONU (Organização das Nações Unidas), a violência na região fez com que 411.014 pessoas se deslocassem, das quais 266 mil foram para outras regiões do país. Uma “trégua humanitária indefinida” foi estabelecida em março para melhorar o fluxo de ajuda humanitária.
Síria
Em meio à primavera árabe, a Síria se envolveu em um conflito de grandes proporções, que se estende por 11 anos. Em 2011, a população foi às ruas para exigir a renúncia do presidente Bashar al-Assad. Como resposta aos protestos, o governo ordenou que o Exército do país reprimisse os manifestantes. Do outro lado, a oposição começou a se armar para lutar contra a repressão de Al-Assad, que ainda continua na Presidência do país.
A guerra se tornou um espaço de disputa entre outros países que têm interesse na região. Rússia, Turquia e Irã estão do lado da Síria, enquanto países ocidentais, principalmente os Estados Unidos, ajudam a resistência.
Nesta semana, as Forças Democráticas Sírias anunciaram que vão pedir apoio ao governo do país se os turcos avançarem novamente contra elas no norte da Síria. Entretanto, o grupo se prepara para um grande embate se a Turquia decidir não recuar.
Mianmar
Em 1º de fevereiro, o Exército de Mianmar depôs o governo eleito de Aung San Suu Kyi, encerrando o período democrático de dez anos no país. A líder Aung San Suu Kyi, rosto do movimento democrático em Mianmar, foi condenada a 11 anos de prisão.
Desde o golpe, ocorrem manifestações na tentativa de retomar o processo democrático, mas os atos são reprimidos pela violência brutal do regime ditatorial. A resistência também conta com milícias cidadãs que travam guerrilhas urbanas.
Na semana passada, a ONU informou que o golpe militar pela primeira vez fez com que mais de 1 milhão de pessoas se deslocassem no país. Desde o início do golpe, 700 mil foram forçadas a deixar suas casas.
Iêmen
O Iêmen, um dos países mais pobres do Oriente Médio, enfrenta um grande conflito desde 2014, mas que tem origens em 2011, durante a Primavera Árabe, quando o então presidente Ali Abdullah Saleh precisou deixar o governo para seu vice, Abdrabbuh Mansour Hadi.
Em meio à instabilidade política, o movimento houthis, que defende a minoria xiita zaidi do Iêmen, conseguiu tomar a capital, Saná, tirando Hadi do poder. O conflito tomou proporções maiores quando a Arábia Saudita, apoiada por outros países árabes e ocidentais, principalmente os EUA, começou a promover ataques para derrubar o movimento, que recebe o apoio do Irã .
Oito anos após a queda do governo de Hadi, o conflito deixou a população em uma imensa crise de fome, o que fez com que milhares de crianças morressem de desnutrição. Na semana passada, o lado liderado pela Arábia Saudita e o movimento houthis resolveram estender por mais dois meses uma trégua acertada em abril. A medida ajudou a aliviar o grande sofrimento da população.
Sudão
O Sudão sofreu em outubro do ano passado mais um golpe de Estado. O país é conhecido por seu longo histórico de conflitos armados, que começaram antes da independência da Inglaterra, em 1959, e se estendem até hoje, passando pela separação do Sudão do Sul, em 2011.
O país enfrentou longas guerras civis (de 1955 a 1972 e de 1983 a 2005) e a ditadura de Omar al-Bashir, que durou de 1989 a 2019.
Em 25 de outubro de 2021, forças militares prenderam o então primeiro-ministro do país, Abdalla Handok, e instauraram um golpe de Estado. Desde então, vários grupos políticos fizeram protestos para resistir ao Exército e se organizam para restaurar a democracia.
Atualmente, as negociações, intermediadas pela ONU, tentam encontrar uma solução para o conflito. Entretanto, as ações não contam com o apoio do principal grupo pró-democracia, que organiza um boicote contra a repressão dos militares.